HISTÓRIA | Celebrando o Ano Novo, no estilo medieval


Como as pessoas comemoravam a passagem do ano novo na Idade Média? Bem, curiosamente, nem sempre era comemorado no dia 1º de janeiro.

Essa data era o primeiro dia do ano civil romano. Quando a lei romana foi revivida durante a Idade Média, em alguns lugares, o 1º de janeiro foi escolhido para marcar o início do Ano Novo, mas não era padrão. Na verdade, as muitas celebrações do Ano Novo eram realizadas no dia 25 de março, na Festa da Anunciação, um feriado religioso que comemora a vinda do anjo Gabriel a Maria com a notícia de que ela iria ter o Filho de Deus. As ruas ficavam cheias de procissões e as pessoas faziam oferendas a Maria.

Em alguns lugares, como Veneza, o Ano Novo era comemorado no dia 1º de março, e em outros, começava no Natal ou na Páscoa. Os anglo-saxões celebravam o 25 de dezembro como o Ano Novo, mas isso mudou para o 25 de março, na Idade Média tardia, e depois para o dia 1º de janeiro no século 18.

Frances e Joseph Gies resumiram este complicado sistema no livro Life in a Medieval City, afirmando:

“... um viajante que partir de Veneza no dia 1º de março de 1245, primeiro dia do ano veneziano, encontrava-se em 1244 quando chegasse a Florença, e depois de uma breve estadia em Pisa, ele estaria no ano 1246. Continuando para o oeste, ele retornaria a 1245 quando entrasse em Provença, e ao chegar na França antes da Páscoa (16 de abril), ele estaria mais uma vez em 1244.”

Esta pobre pessoa parece mais um “viajante do tempo” com toda essa confusão. Então, o que as pessoas faziam na Idade Média no Ano Novo (seja lá a data que isso podia ser)?

A Festa dos Tolos

Tratava-se de um popular festival medieval que se originou na França. Era comemorado no dia 1º de janeiro realizando um simulacro de corte eclesiástica, tinha até um papa simulado. Era um dia em que o mundo virava ás avessas, onde as classes mais baixas se vestiam e se divertiam como as classes altas, relembrando o antigo festival romano da Saturnália, onde os escravos podiam falar livremente, criticando seus mestres e desfrutando da festa.


Durante a Festa dos Tolos havia jogos de azar e bebidas. Naturalmente, a Igreja Católica não apoiava esse festival e após repetidas pressões e regulações por parte de membros do clero, a tradição desapareceu no século 16.

Tradições próximas e distantes

Na Inglaterra, era costume trocar presentes no Ano Novo, já que era considerado boa sorte para o próximo ano. Na Escócia e na Irlanda, a figura do “Primeiro Pé” (a primeira pessoa a entrar na casa depois da meia noite) era importante. Era dito que este participante poderia trazer ou quebrar a sorte da família para o resto do ano. Algumas pessoas acreditavam que uma pessoa de cabelos leves traia boa sorte, para outros, tinha que ser um homem ou um menino sombrio, ou alguém que estava com os pés fixos.

Você é uma pessoa ruiva? Desculpe, mas você não teria uma recepção calorosa na véspera do Ano Novo. Os ruivos eram vistos como pessoas que traziam má sorte e tristeza.

Na Irlanda, a véspera do Ano Novo era conhecida como Oíche Chinn Bliana (Noite de Fim de Ano). As pessoas batiam nas paredes e nas portas de suas casas para perseguir os espíritos malignos antes da entrada do Ano Novo. As casas irlandesas ficavam impecáveis para começar o Ano Novo. Também era um momento para lembrar dos mortos. Velas acesas nas janelas, um lugar vazio posto a mesa e a porta era deixada destrancada para receber os espíritos dos membros falecidos da família que morreram naquele ano.

Na Polônia (bem como em vários países da Europa oriental), a véspera de Ano Novo é conhecida como "Silvestre após São Silvestre", cujo dia da festa é 31 de dezembro (e a data de sua morte). A lenda diz que São Silvestre aprisionou e depois matou um dragão chamado Leviatã, que havia escapado no início do ano 1000. A derrota de Leviatã foi motivo de comemoração. Também na Polônia, os meninos se vestiam de demônios e faziam brincadeiras.

No dia de Ano Novo, o pão era cozido com um anel ou uma cruz escondida dentro. Se quem deu sorte de encontrar o anel, tinha que anunciar casamento, se a cruz fosse encontrada, significava vida no clero.

A Rússia era um desses locais que tiveram uma infinidade de datas diferentes para comemorar o Ano Novo. A partir de 1348, o Ano Novo era celebrado no dia 1º de setembro. Antes disso, o Ano Novo era comemorado dia 1º, e em alguns lugares, 22 de março. Não foi movido oficialmente até 1º de janeiro de 1699, por Pedro, o Grande (1672-1725).

Os russos celebravam com uma Árvore de Ano Novo, Novogodnyaya Yolka, que permanecia até 14 de janeiro, quando era celebrado um segundo ano novo baseado no antigo calendário juliano. Era uma celebração menor com amigos e familiares. Ano Novo também era o momento da versão russa do Papai Noel, o Ded Moroz, que levava presentes as crianças com a ajuda de sua neta, Snegurochka, a Donzela de Neve. Embora seja uma adição do século 19, sua história remonta às fábulas e folclore medievais.


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