Não foi bem assim... | Marco Polo e o macarrão





Marco Polo, notório navegador italiano registrou suas peripécias durante o tempo em que esteve no Oriente no "Livro das Maravilhas". Neste livro, Polo descreve as paisagens do Irã, Afeganistão, Pequim e até lugares que nunca visitou como o Japão. Partiu de Veneza aos 17 anos e regressou 24 anos depois com muita história para contar e muitas novidades na bagagem, entre elas, o macarrão! O fato é tão conhecido que até o Netflix utilizou da história para trabalhar o marketing da sua nova série de ficção histórica, Marco Polo...

... mas não foi bem assim.

Por volta do ano 1000, ou seja, 250 anos antes da viagem de Marco Polo, o livro "De arte Coquinaria per Vermicelli e Macarroni Sicilliani", escrito por Martino Corno publica a primeira receita de macarrão que se tem notícia. No século 12, funcionava nas vizinhas de Palermo uma indústria de pasta, que na época era chamada de itrija (derivado do árabe itriyah, pão cortado em tiras). Ainda há referências de que, em 1154, existia uma localidade chamada Tribia, onde a população fabricava e exportava macarrão. Conclusão: não teria sido Marco Polo a introduzir o macarrão na Itália, mas sim os árabes quando ocuparam a Sicília no século 9.

Convém dizer também que Marco Polo é totalmente inocente, pois não teria sido ele a criar esse mito, mas sim seu editor. Quando retornou para Veneza, Polo trouxe várias receitas consigo, entre elas sobre massas feitas com uma planta chamada "sagu". O navegador italiano nunca disse que o sagu era trigo ou que a massa era macarrão, mas seu editor achou que seria melhor escrever mais sobre a planta e acabou criando o origem chinesa do macarrão. 

Apesar da conexão "Marco Polo - macarrão" ter se tornado um mito nos últimos anos, os chineses reivindicam para sim a autoria do macarrão. Em 2005, pesquisadores do Instituto de Geologia e Geofísica  da Academia de Ciências de Pequim encontraram nas ruínas de Lajia um recipiente contendo fios de massa cilíndricos feitos há 4000 mil anos!

Os italianos por sua vez não se dão por satisfeitos. Mesmo tendo rejeitado a hipótese de Marco Polo, os pesquisadores dizem que a criação do pão e de outras receitas como a pasta, são espontâneas  e coletivas, resultado da descoberta dos cerais feita por diversos povos espalhados pelo mundo.

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