História nas Estrelas | As Grandes Navegações




Por Fábio Roberto Andrade

Pra quem estuda história do Brasil, já é conhecimento de todos - assim espero - sobre a forma de como o país foi "descoberto", esse processo que podemos resumir em uma única palavra, que para a época era um sinal de riscos e muitas prosperidades, sim, estou falando das Navegações

D'aí você me perguntar: "o que isso tem a ver com astronomia ?" tem muita coisa a ver, as navegações foram uma das grandes "cobaias" para alguns experimentos astronômicos. Grandes nomes na astronomia tais como Arquimedes (287-212 AC), Erastotenes de Cirene (276-196 AC), Aristarco de Samos(310-230 AC) entre outros, nos mostram que astronomia é uma ciência bem antiga e tais estudiosos se debruçaram para entender os fenômenos astronômicos. 

Avançando um pouco mais no tempo, nos séculos 15 e 16, época onde no Velho Continente as navegações estavam excitando quase todos os "aventureiros" em busca de novas riquezas, as cartas náuticas não eram o únicos utensílios para o mapeamento do mar, de horários e localidades. Muitos utilizavam uma das ferramentas que qualquer pessoa hoje em dia pode usar como guia, as estrelas. Elas, com o instrumento certo, podem nos dizer com uma precisão enorme os pontos de latitude e longitude apenas com a percepção da alteração de ângulos, onde na prática é algo muito mais fácil. Eles utilizavam um leque de ferramentas pra isso, vamos conhecer algumas delas: 

Balestilha


A balestilha era basicamente construída com uma haste longa de madeira, de seção quadrada e de 3 a 4 palmos de comprimento, era chamada de virote ou flecha em alguns casos, onde diversas peças cruzadas (travessões) eram montadas perpendicularmente, as peças cruzadas eram de vários tamanhos, era retrátil onde o tamanho da peça dependia do ângulo a ser medido. Para a utilização, a pessoa deveria segurar a balestilha a frente do olho, onde uma das extremidades deveria ficar alinhada com a linha do horizonte e a outra extremidade com o astro visualizado, assim medindo a altura e a variação de um ponto para o outro, como mostra a figura abaixo. 


Quadrante de Davis 


Inventado por John Davis em 1590, o quadrante náutico ou quadrante de Davis era composto por dois arcos onde a soma das leituras mostradas em cada um era a distância zenital do Sol (Zênite é o ponto no céu que está exatamente acima de você). A utilização dele era feita do seguinte modo, o navegante dava as costas para o Sol e alinhava a sua sombra com o horizonte conforme a figura abaixo. 


Astrolábio


Ainda é uma dúvida de quem foi o inventor de tal instrumento, mas grandes teorias afirmam quem foi Hiparco de Niceia (190 - 120 AC). É um instrumento que servia tanto para a navegação quanto para a resolução de problemas geométricos. A forma de construção foi variando com o tempo e com a localidade na qual ele era construído, mas basicamente era formado de um disco de latão graduado na borda em um anel de suspensão e um simples ponteiro. A utilização dele já requeria um certo conhecimento observacional nos céus. Para utilizar seria necessário localizar a estrela Polar (Polaris) - mais a frente explico por que essa estrela. Uma vez localizada a estrela seria necessário ajustar o ponteiro junto ao horizonte assim colhendo dados como a latitude. 


A estrela Polaris ou mais conhecida como polar, se encontra na constelação da Ursa Menor exatamente no final da calda, essa estrela possui uma característica bastante útil para a navegação ou para qualquer prática que se precisa de um determinado dado localizacional, ela está exatamente acima do hemisfério norte da Terra assim variando bem pouco ao passar dos meses, a quem diga que ela fique parada, essa pequena variação se dá pelo fato da mesma se encontrar em um ponto coincidente ao eixo da terra.


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História nas Estrelas é a nova coluna do História em Cartaz que trará texto sobre astronomia e sua relação com os estudos históricos.

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