A Rainha Margot


O filme A Rainha Margot é baseado na obra homônima de Alexandre Dumas publicado pela primeira vez em 1845. Essa obra literária possui um forte teor histórico, apesar de Dumas ter inserido doses de romantismo e aventura no texto, este que serviu de base ao roteiro do filme dirigido por Patrice Chéreau em 1994.

Neste filme, o casamento entre a católica Margot (ou Marguerite) de Valois e o protestante Henrique de Navarra poderia acalmar as disputas religiosas, mas a união acabou servindo de pretexto para o massacre de protestantes conhecido como “a noite de São Bartolomeu”.


A Rainha Margot é uma ótima ferramenta que pode ser utilizada para se discutir os conflitos religiosos que marcaram o final de Idade Média e o início da Era Moderna.

No entanto o filme pode parecer um pouco confuso para quem desconhece o conteúdo histórico representado e seus personagens – às vezes são tantos em discussão que não sabemos quem é quem. Nesse caso uma apresentação geral do conteúdo histórico antes do filme é importante. Apresentar os personagens reais como Carlos IX (rei da França), Gaspard de Coligny (líder huguenote) e Henrique de Guise (líder católico) é essencial para o entendimento da trama que explora o viés político por trás dos motivos religiosos.

No contexto dos conflitos religiosos que marcaram a história européia, o massacre da noite de São Bartolomeu foi o episódio mais sangrento contra os protestantes.

A discussão desse tema, no filme, inicia com o casamento forçado entre Margot de Valois e Henrique de Navarra. Esse casamento fazia parte de um acordo entre Catarina de Médici e Jeann D’Albert que buscavam estabelecer uma aliança entre os Valois e os Bourbons. No entanto o enlace entre Margot e Henrique não amenizou as diferenças religiosas.

Nesse contexto destacam-se dois grupos político-religiosos: os huguenotes (compostos por protestantes liderados por Coligny, melhor amigo do rei) e o “Papista” ou “Santa Liga” (formados por católicos e chefiados por Guise).

Em 22 de agosto de 1572, um agente de Catarina de Médici, um católico chamado Maurevert, tentou assassinar Coligny. Pois com a morte de Coligny, Catarina acreditava impedir um golpe huguenote. No entanto o líder dos huguenotes ficou apenas ferido, mas o atentado a sua vida provocou a ira dos protestantes.

No dia 24 de agosto, dia de São Bartolomeu, suas primeiras horas foram marcadas por intensos conflitos entre católicos e protestantes, onde dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris em ataques planejados pela família real.

No entanto o massacre não se limitou apenas ao dia 24 e a Paris. Os assassinatos à huguenotes duraram até outubro em cidades como Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourgeus, Rouen e Orléans.

A Rainha Margot fornece a oportunidade de se discutir os conflitos religiosos entre protestantes e católicos na Europa. O debate sobre esse tema é um convite para se identificar além dos motivos religiosos, que são de vital importância para se conhecer a mentalidade da época, as diferenças políticas entre grupos que utilizavam a religião para esconder seus reais interesses.

FONTE:
NETTO, Arthur Prado. O caso “A Rainha Margot”: Psicanálise e História. Olho da História nº 3. Site: http://www.oolhodahistoria.ufba.br/o3margot.html
A Rainha Margot. HistoriaNet – A Nossa História. http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=99

título original:La Reine Margot
gênero:Drama
duração:2 hr 16 min
ano de lançamento: 1994
estúdio: Le Studio Canal+ / Centre National de la Cinématographie / D.A. Films / Degeto Film / France 2 Cinéma / NEF Filmproduktion / RCS Films & TV / Renn Productions
distribuidora: Miramax Films
direção: Patrice Chéreau
roteiro: Danièle Thompson e Patrice Chéreau, baseado em livro de Alexandre Dumas
produção: Claude Berri
música: Goran Bregovic
fotografia: Philippe Rousselot

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