O Último Samurai

O filme O Último Samurai conta a história de um militar ocidental que se uniu aos guerreiros japoneses contra as forças imperiais. Mas no filme o militar trata-se do americano Nathan Algren, interpretado por Tom Cruise, enquanto que na realidade o oficial que lutou ao lado dos samurais foi o francês Jules Brunet, membro da missão militar que a França inviou ao oriente para treinar o exército do xogum.

De fato a história de Brunet não possui os mesmos apelos hollywoodianos do filme. O oficial francês não lutou de sabre, vestido como um samurai, e ainda contribuiu para o desaparecimento da casta dos samurais e participou como instrutor da ocidentalização do exército japonês.

Mas vamos ao contexto histórico do Japão. Quando Jules Brunet chega ao país, o Japão passava por mudanças drásticas, pois o império japonês estava isolado do mundo desde 1639 e acabara de ser obrigado a se abrir ao comércio internacional pelos Estados Unidos. Pacto esse firmado através do Tratado de Kanagawa, em 1854. O Japão atravessava uma onda de xenofobia com ataque aos estrangeiros.



Em 1866, Yoshinobu Tokugawa assume o poder com a promessa de acelerar a modernização do Japão. No entanto a política do xogum (título conferido ao chefe militar e político que governava de fato o Japão feudal) desagradava alguns clãs e proprietários de terras do sudoeste do país. Estes então passaram a apoiar a restauração do poder do imperador na figura de Tennô Meiji numa forma de afastar o clã Tokugawa do poder. As nações européiais logo se envolveram no conflito, onde a Grã-Bretanha apoiava os clãs do sudoeste e a França ficava ao lado do xogum.

Em janeiro de 1867, Jules Brunet chega ao Japão para modernizar o exército e construir arsenais com a autorização do xogum Tokugawa. Apesar das revoltas contra a presença dos instrutores estrangeiros, Brunet aprendia cada vez mais a cultura japonesa e fascinavasse pela harmonia das virtudes militares e artes. No entanto o apoio da França não foi suficiente para salvar o xogunato. Yoshinobu acreditou que podia formar um governo de coalizão e entregou o poder ao imperador Meiji e em 3 de janeiro de 1868, tropas dos senhores de Satsuma e Choshu atacaram o Palácio de Kyoto e restauraram o poder do imperador. Uma guerra  entre clãs estava declarada. Os samurais que apoiavam Yoshinobu, temendo perder suas rendas, incitaram a luta contra o novo governo. Esse conflito deu início a guerra civil de restauração (Guerra Boshin). As tropas de samurais foram derrotadas no dia 27 de janeiro pelas forças imperiais completamente modernizadas.

Nesse contexto de conflitos, a França, junto com outras potências européias estrangeiras, declarou neutralidade, mas Jules Brunet decidiu se juntar aos samurais rebeldes. Mas são derrotados em Honshu, a ilha principal do arquipélago japonês. Os rebeldes retiraram-se para a ilha de Ezo (atual Hokkaido) e fundam a República de Ezo, onde Brunet torna-se chefe do Estado-Maior. O novo governo japonês ataca Ezo em 1869, fazendo Brunet e seus companheiros refugiarem-se na corveta Coëtlogon. O navio partiu para Yokohama e o governo japonês pedia a prisão dos oficias franceses. Paris informou que estes oficiais eram prisioneiros num navio de guerra e iria colocá-los a disposição dos militares, mas tudo não passava de um jogo, pois os "prisioneiros" chegaram a França em 16 de setembro.

Brunet de volta a Paris sofreu uma sanção leve ao seu comportamento no Japão. O governo francês afirmou aos japoneses que Brunet havia sido dispensado do exército, mas após um pouco mais de quatro meses, Brunet era chamado a ativa. O oficial francês ainda recebeu o reconhecimento dos orientais no dia 11 de março de 1865, ao final da Guerra Sino-Japonesa, pois foi nomeado grande oficial do Tesouro Sagrado do Império do Sol Nascente.

FONTE: BATTESTI, Michele. A Verdadeira História do Último Samurai. Revista História Viva nº 84. Outubro de 2010. p. 44-47.

título original:The Last Samurai 
gênero:Aventura 
duração:02 hs 24 min 
ano de lançamento:2003 
direção: Edward Zwick 
roteiro:John Logan, Marshall Herskovitz e Edward Zwick, baseado em estória de John Logan 
produção:Tom Cruise, Tom Engelman, Marshall Herskovitz, Scott Kroopf, Paula Wagner e Edward Zwick 
música:Hans Zimmer 
fotografia:John Toll


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