Postagens

Mostrando postagens de abril, 2010

Diretores e Historiadores

Imagem
A edição número 7 da revista MOVIE traz uma matéria muito interessante com o diretor Ridley Scott que fala sobre o seu último filme Robin Hood . Scott diz que se sentiu muito atraído a realizar essa nova versão de Hood, pois poderia contar de forma mais “realista” essa história, apoiado em fontes históricas. Aliás, Ridley Scott se mostra sempre muito interessado quando o conteúdo que aborda em seus filmes contem material histórico, peguemos por exemplo, Gladiador, Cruzada e 1492 – A Conquista do Paraíso . E várias também foram obras cinematográficas que procuraram atrair o publico apelando para os fatos históricos como Rei Arthur , mas até onde a liberdade poética atrapalha a interpretação desses fatos históricos? O cineasta estaria disposto a fazer o trabalho de um historiador? Para chegar à conclusão de um “fato histórico”, o historiador pesquisa muito até apontar uma versão para um determinado momento da história. Digo “versão”, pois mesmo entre os historiadores não há consenso so

OLYMPIA 98 ANOS. PARABÉNS!

Imagem
No início do século XX, Belém era uma cidade onde o cinema já havia encontrado terra firme. Vários estabelecimentos já se organizavam como verdadeiras casas exibidoras deixando de lado um passado recente onde as exibições eram feitas de forma amadora em teatros alugados ou em barracas. Belém tinha na primeira década do século XX 12 cinemas funcionando e em 1912 foi inaugarada a primeira casa de "luxo" voltada para as exibições. O cinema Olympia foi um empreendimento de Antônio Martins e Carlos Augusto Teixeira que eram proprietários do Grande Hotel e do Palace Theatre. O cinema Olympia estava estabelecido no perímetro que se chamava Largo da Pólvora e era o local mais frequentado pela elite belenense. O novo cinema vinha atender a uma necessidade da própria elite que não frequentava outros pontos exibidores da cidade. E na noite de 24 de abril de 1912 era inaugurado o cinema Olympia, no entanto o assunto do dia, ou melhor, o assunto mais discutido naquela noite foi o naufrá

Cinema em Belém: primeiras cenas.

Pretendo discutir aqui alguns pontos da minha pesquisa. Neste trabalho abordo os primeiros anos do cinema na cidade de Belém, mais precisamente na primeira década do século XX. Nesta pesquisa pretendo também abordar sobre os cinematógrafos que circulavam na cidade de Belém, como esses aparelhos faziam parte de um imaginário moderno e como os habitantes da cidade se relacionavam com esses novos espetáculos. Claro que para destacar os anos iniciais do século XX tenho que lembrar que as origens do cinema estão um pouco mais atrás. O cinema é uma invenção do século XIX. Mas quem o criou ainda gera controvérsias. Em O Cinema no Tucupi (1999) Pedro Veriano conta sobre os dois grupos que trabalhavam as imagens em movimento no século XIX: Thomas Alva Edison nos Estados Unidos e os irmãos Louis e Auguste Lumière na França. Porém os irmãos Lumière levaram a fama de terem criado o cinema - o aparelho criado por eles foi batizado como cinematographo - sendo a primeira exibição também atribuída ao

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Imagem
Indiana Jones é sinônimo de aventura no cinema. Imortalizado pelo ator Harrison Ford, Jones é um personagem criado por Steven Spielberg e George Lucas. Ele é um professor de Arqueologia que viajou os quatro cantos do mundo enfrentando diversos inimigos para recuperar artefatos históricos tidos como mágicos como a Arca da Aliança e o Santo Graal. O primeiro filme é de 1981, Os Caçadores da Arca Perdida ; em 1984, O Templo da Perdição e em 1989 A Última Cruzada . No entanto esse não foi, de fato, a "última cruzada" de Jones, pois em 2008 ele voltaria ao cinema em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal . Dessa vez Indiana Jones não irá enfrentar nazistas, pois a Segunda Guerra já terminou. O filme ambientado agora em 1957 traz novos inimigos: os comunistas (espere um post sobre como hollywood retratou os comunitas). Espiões soviéricos estão atrás das caveirasde cristais, artefatos místicos carregados de poder. Essa busca leva Indiana Jones ao Brasil, onde em plena flore

Os Trapalhões e o Mágico de Oroz

Imagem
Esse texto recebi de um primo meu por e-mail, resolvi postá-lo, pois tem tudo haver com o nosso conteúdo de discussão. O texto é de Felipe Bragança. Os Trapalhões e o Mágico de Oroz, de Dedé Santana e Vitor Lustosa. Sexto e penúltimo filme da fase temática sobre ícones das mazelas sociais brasileiras, O Mágico de Oroz traz o quarteto Os Trapalhões no ápice de sua representatividade midiática, quando tinham se tornado os principais interlocutores com o público de cinema brasileiro (principalmente o infantil) e uma referência central na constituição do imaginário audiovisual pré-abertura política. Esse sucesso de massas, articulado à parceria com o projeto estatal da Embrafilme, fez de O Mágico de Oroz um filme-síntese do que de melhor e pior havia conseguido o cinema dOs Trapalhões até então. Depois da fase mágico-fantasiosa, baseada em paródias do universo pop e dos contos de fada (retratada no documentário O Mundo Mágico dos Trapalhões – 1981) e de uma série de filmes de

Hércules

Imagem
Esse filme é uma ótima dica para os professores do 6º ano do ensino fundamental que querem trabalhar o conteúdo de mitologia grega com seus alunos. De uma forma bem humorada, Hércules consegue transmitir muitas caraterísticas das práticas religiosas do mundo grego para as crianças. Como é de praxe, os filmes Disney que trabalham com personagens históricos conhecidos, como Mulan e

Cinema na UFPA. Que beleza!!! Parte II

APROVADA GRADUAÇÃO EM CINEMA E AUDIOVISUAL. Esse era o título da reportagem publicada no jornal "Amazônia" do dia 1º de abril de 2010 - espero que não seja mentira. Mas não é. A Universidade Federal do Pará aprovou a graduação em Cinema e Audiovisual em reunião ordinária realizada na tarde do dia 31 de março, já serão ofertadas 25 vagas no próximo processo seletivo. Segunda a reportagem, a graduação estará inserida na Faculdade de Artes Visuais (FAV), do Instituto de Ciências e Arte (ICA/UFPA). "O objetivo da graduação é oferecer formação em campos particulares do audiovusial, com ênfase em direção de imagens, fotografia, produção, roteiro, direção de arte, som, animação, montagem e finalidade - e assim tornar o aluno capacitado a criar e gerir produções na área de cinema", diz a reportagem.

Cinema na UFPA. Que beleza!!!

O Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Pará (UFPA) abre, a partir de 1º de março, as inscrições para o primeiro curso de especialização em Audiovisual. A especialização em "Imagem e Sociedade - Estudos sobre o cinema" é voltada para profissionais formados no curso de Comunicação Social e nas áreas de Letras e Artes, Ciências Sociais e Ciências Sociais Aplicadas. No entendimento da UFPA, essas áreas de conhecimento abrangem inclusive a grande maioria dos profissionais com atuação no mercado cinematográfico do Pará. O curso, já aprovado pela UFPA, tem as inscrições abertas no período de 1º a 15 de março deste ano, e os candidatos a uma das 30 vagas ofertadas pelo Departamento de Comunicação Social (Decom) da UFPA serão submetidos às etapas do processo de seleção, isto é, a análise curricular, a entrevista e à apresentação do anteprojeto de monografia. De acordo com a professora Regina Lima, chefe do Decom da UFPA, o curso de especializ

A Paixão de Cristo - Parte III

Neste último post a respeito do filme A Paixão de Cristo de Mel Gibson, vou destacar um dos pontos mais polêmicos do enredo que refere-se à flagelação e a crucificação de Jesus. No entanto antes de analisar o filme em si veremos de que maneira esse relato da Paixão é descrito pelos historiadores e pelos evangelhos. Segundo os evangelhos de Matheus, Marcos, Lucas e João, Jesus após ser condenado, foi açoitado (Matheus 27,26; Marcos 15,15; Lucas 23,25; João 19,1). O castigo da flagelação era um modo de infligir medO ao público, logo o indivíduo era açoitado até perder todas as forças. Depois desse castigo, Jesus carregou sua própria cruz até o Monte Gólgota, lugar situado fora dos muros de Jerusalém, ponto visível para as pessoas que saíam e entravam na cidade. Jesus é pregado na cruz e morre. O cinema nos proporciona uma experiência única. Uma coisa é ler sobre a Paixão, escutar a história, outra é ver as imagens, mesmo que interpretado por atores. É aí que Mel Gibson p

FONTES

Galera estava cometendo um erro grotesco! Estava esquecendo de colocar as fontes que uso para escrever meus posts sobre a Paixão de Cristo, mas aí vai: MINOUNI, Simon C. A Morte de um Rebelde . Revista História Viva Grandes Temas nº 19. p. 66-73 BOHEC, Yann Le. Diante dos juízes, o acusado se cala . Tradução de Celso Paciornik. Revista História Viva Grandes Temas nº 1. p. 84-91 VISSIÉRE, Isabelle. O Beijo de Judas . Revista História Viva nº 65. Março de 2009. p. 26-29.

A Paixão de Cristo - Parte II

Imagem
Um outro ponto que destaco no relato da Paixão é o julgamento de Cristo. No filme de Mel Gibson somos levados a crer que o julgamento de Jesus foi uma verdadeira farsa. É só perceber no comportamento dos personagens que surgem perguntando sobre a legalidade do processo. Então somos levados a perguntar: Jesus teve um julgamento justo? Então temos que nos reportarmos para a Judéia do século I. Naquele tempo, a palestina era uma província romana e como tal estava submetida a lei romana da época. E segundo esta lei, Jesus teve sim um julgamento justo. Segundo Yann Le Bohec, professor de História Romana da Universidade de Paris IV – Sorbone, o processo romano era constituído de três atores: o acusador, no caso acusadores, que eram “os sumos sacerdotes e os anciãos do povo” (Matheus 26,3); o acusado, Jesus; e o juíz, Pôncio Pilatos, representante do imperador e governador da Judéia. Para iniciar o processo, os acusadores tinham que apresentar o acusado ao juíz e foi o que aconteceu. A

A Paixão de Cristo - Parte I

Imagem
No próximo dia 4 de abril os cristãos relembram a Paixão de Cristo, onde refletem sobre o sofrimento de Jesus que morreu para redimir os pecados da humanidade. Era bastante comum nessa época os cinemas de rua exibirem filmes contando sobre o relato da Paixão. Aqui em Belém sempre se exibia Jesus de Nazaré (1977) de Franco Zeffirelli. Quando eu trabalhava numa locadora de DVD's, as pessoas sempre procuravam filmes sobre as últimas horas de Cristo, no caso iam atrás do filme A Paixão de Cristo (2004) de Mel Gibson. Este filme de fato provocou uma grande comoção quando foi lançado. Além do mais, Mel Gibson tinha que apresentar um diferencial de sua versão em relação às outras. Desde quando o cinema é cinema o relato da paixão de Cristo já se encontrava retratado nas películas. Diversas versões para uma mesma história: o martírio de Jesus, desde o seu julgamento até sua crucificação. Então por que Mel Gibson, em 2004, resolveu mais uma vez levar essa história ao cinema? O que ele iri

301 de Esparta

Imagem
Este é um dos primeiros textos (ou o primeiro, não me lembro) que produzi fazendo esse contraponto entre cinema e história, refere-se a uma análise breve do filme 300 de Zack Snyder. Vamos ser logo diretos: 300 não é um filme com pretensões históricas. É ingênuo achar que assistindo ao filme teremos um relato fiel da Batalha das Termópilas ocorrida durante a Segunda Guerra Médica (481 e 479 a.C.), mas antes de tudo, entender os fatos históricos apresentados no filme torna a história mais interessante e evita que possamos cometer qualquer gafe quanto ao conhecimento histórico. Heródoto de Helicarnasso (490-425 a.C.), historiador grego, produziu em suas Istorai - em grego, investigações ou explorações - uma das fontes primordiais sobre a Batalha das Termópilas. Relatos estes que serviram de base para que Frank Miller fizesse 300, sua graphic novel, trabalho que foi a fonte para o filme dirigido por Zack Snyder. Mas considerações à parte, vamos analisar alguns pontos explorados pelo f

Apresentação

Olá amigos da História e do Cinema, esse blog é criado para vocês! Pretendo fazer uma introdução para o blog, mas por enquanto fica aqui apenas essa apresentação. Meu nome é Luiz Alexandre, sou aluno de História da UFPA e me interesso muita pela relação do Cinema e da História, tanto como método de investigação quando suporte educacional. Neste blog farei algumas análises de filmes, mostrando as minhas impressões e dando algumas dicas. Então galera, até mais!